Localização
O Iauareté está localizado dentro da Terra Indígena Alto Rio Negro, no extremo noroeste da Amazônia brasileira.
A localidade é o ponto onde o Rio Uaupés adentra o território brasileiro, após percorrer uma extensa zona desde as suas nascentes na Colômbia e delimitar por largo trecho a fronteira entre os dois países.
A população local é de cerca de 3 mil pessoas, e o aspecto do lugar é o de uma pequena cidade, com energia elétrica, telefonia, televisão, colégios e comércio.
O Nome
Seu nome, como o de várias outras dessa região de fronteira, é definido nas inúmeras narrativas míticas até hoje guardadas pela memória social dos povos indígenas da área. Iauareté é a "cachoeira das onças", local onde em um passado remoto viveu uma gente-onça, propensa à guerra e ao canibalismo, e cujo extermínio coube aos irmãos Diroá, personagens-deuses dos mitos indígenas, que legariam aos homens de hoje vários rituais e conhecimentos xamânicos.
História
O Iauaretê foi também uma povoação de grande importância durante a história mais recente de colonização da região. Situada no ponto de confluência dos rios Uaupés e Papuri, sub-regiões densamente povoadas pelos índios Tariano, Tukano, Pira-Tapuia, Wanano, Arapasso, Tuyuka e outros, serviu como ponto de referência para inúmeros viajantes que percorreram a área desde o final do século XVIII, para seringueiros e comerciantes que exploravam a mão-de-obra indígena e, finalmente, como base para os missionários salesianos que em 1930 implantaram ali uma grande missão dedicada à catequese dos índios. Em cinco décadas de funcionamento, seus internatos receberam centenas de alunos indígenas. No fim dos anos 80 foram construídos em Iauaretê um pelotão do Exército e uma pista de pouso, no âmbito de um programa de defesa e colonização da fronteira norte-amazônica, o chamado Projeto Calha Norte.
Patrimônio Cultural
A Cachoeira de Itaueretê
Devido às mudanças no cenário e ao novo estilo de vida que os índios passaram a adotar, algumas das lideranças locais solicitaram ao IPHAN, em 2004, o registro da Cachoeira de Itaueretê como patrimônio imaterial no Livro de Lugares, dentro do contexto do Decreto 3551/2000, que dispõe sobre o registro e cria o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial.
Atendendo à solicitação dessas lideranças, o IPHAN desenvolveu, entre 2004 e 2005, um extenso trabalho de documentação da cachoeira, que deu origem a um dossiê sobre os significados culturais do lugar e de seus diversos acidentes geográficos (rochas, pedrais, canais e ilhas que cristalizam os feitos dos seres criadores do começo dos tempos).
Em agosto de 2006, o Conselho Consultivo daquele órgão aprovou o pedido de registro, baseando-se na documentação técnica produzida por técnicos do órgão e do ISA. A Cachoeira de Itaueretê é, agora, o primeiro bem cultural que figura do recém-aberto Livro dos Lugares, ato de reconhecimento pelo Estado que implica no desenvolvimento de outras ações de salvaguarda visando à conservação desse patrimônio cultural.
A Serra do Bem-Te-Vi
Porém, no mesmo ano, a Aeronáutica anunciou planos para dinamitar o afloramento rochoso da Serra do Bem-Te-Vi, com vista a aumentar a pista de pouso local. Tal serra tem importância local semelhante à da Cachoeira de Itaueretê, e os índios tarianos acreditam ser lá a morada espiritual de Kamewa Perisi, ancestral dos principais clãs da tribo.
Em resposta às manifestações, a Comissão de Aeroportos da Amazônia (COMARA) anunciou a suspensão das obras em outubro.
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A propósitoEspécie de breviário que vem servindo de (con) tributo à obra Arquivo cronológico
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